Inovação Tecnológica no Empreendedorismo Digital
Universidades e Centros de pesquisa em todo o mundo cumprem um papel vital para a humanidade que é o de produzir conhecimento, o qual alimenta, entre outras áreas, a inovação tecnológica no empreendedorismo digital.
Esta missão nata destes espaços permitiu a produção de uma grade de conhecimento que proporcionou a humanidade avanços principalmente do começo do século passado até o momento, no campo da saúde, ciência, educação, tecnologia e outras áreas tão necessárias para melhoria da qualidade de vida da espécia humana no grão de areia apelidado de “Planeta Terra”.
A produção de conhecimento nos tempos de hoje ganha conotações mais específicas e de certa forma mais exigentes em função das profissões que estão surgindo e outras que estão sendo extintas, ou quando não reinventadas, segundo a óptica das demandas atuais do mercado de trabalho.
Nas Universidades quer sejam na graduação, mestrado ou doutorado, vemos jovens com mentes brilhantes produzindo excelentes teses sobre temas palpitantes e inerentes a vida da sociedade, no âmbito dos negócios, saúde, educação, ciência, tecnologia e diversos outros.
As aplicações possíveis deste conhecimento permeiam diversas situações do cotidiano de vida da sociedade, independente da faixa etária, do poder aquisitivo e até do grau de instrução.
Para produção de conhecimento das universidades e dos centros de pesquisa, existem aplicações que se estendem do agronegócio, a produção de medicamentos topo de gama, soluções energéticas, arquitetónicas, urbanísticas e de engenharia, transporte, logística, comunicação, alimentos saudáveis para o ecossistema numa larga escala de produção.
Estas observações que de certa forma são óbvias, nos remetem a uma reflexão crítica a respeito do grau de interação e conexão ora existente entre a produção universitária, anseios, desejos e as necessidades reais da sociedade.
Todo conhecimento produzido precisa que a este seja facultado à oportunidade de ganhar visibilidade e, por conseguinte, materialidade na vida da sociedade, oportunizando assim melhorias na qualidade de vida do Ser Humano.
Agindo desta forma permitiremos que o conhecimento se retroalimente enriquecendo e ganhe espaço de socialização e disseminação dos seus impactos positivos e transformadores na vida das pessoas, nas cidades e no mundo dos negócios.
“Conhecimento não se produz para um mero deleite intelectual do seu criador, mas para que os outros nele sejam impactados, se abasteçam, enriqueçam com o seu potencial produtivo e possam produzir com excelência de qualidade em prol da Humanidade.”
O Empreendedorismo Digital é o ambiente por excelência para dialogar com as universidades, no sentido de recepcionar a produção científica desenvolvida pelos nossos mestres e doutores, em sintonia com as aspirações e anseios do mercado e em função do lastro tecnológico embarcado na essência de cada um dos Empreendimentos Digitais.
Com esta interação o rumo da produção universitária estará em sintonia com as necessidades de soluções do mercado, gerando as condições para que a inovação seja tratada com sua devida importância, encontrando espaço de excelência para dar a adequada visibilidade e materialidade às teses dos mestres e doutores.
No Brasil, no campo do agronegócio temos várias universidades e centros de pesquisa de excelência, composta por especialistas que desenvolvem uma vasta gama de pesquisas através de orgãos do governo, assim como da iniciativa privada, com aplicações específicas em diversas áreas.
Dentre tantos casos cito o brilhante trabalho da Embrapa – “Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias” que ao longo de décadas vem dotando os produtores rurais brasileiros com informações, consultoria e conhecimento topo de gama, que vem permitindo aos mesmos fazerem com que o Brasil alcance altos níveis de produtividade nas lavoras e na pecuária.
Existem Cases de sucesso no Empreendedorismo Digital que muito têm a nos ensinar no sentido de desmistificar conceitos e ideias equivocadas que temos quando nos referimos às Startups, pois apresentam características não muito comuns:
- O natural e o comum é encontrarmos numa Startup ter “UM CEO e Founder e UMA equipa”;
- Ideia de negócio focada na realidade de vidas dos aglomerados urbanos e este diagnóstico ter sido feito pelo Empreendedor Digital;
- O lucro auferido pelo negócio ter como beneficiário natural o CEO;
- A ferramenta que representa a essência do empreendimento habitar nas “nuvens”.
Este artigo apresenta o exemplo de duas Startups que fogem do padrão clássico do Empreendedorismo Digital. Elas são a COOPNATURAL e a WIFI-FI.
A COOPNATURAL é um exemplo de Case de sucesso no Empreendedorismo Digital que é diferente do cenário acima citado e fará você ampliar o seu horizonte de perspectivas e perceber que as bases que norteiam o Empreendedorismo Digital podem ser aplicadas realmente em uma vasta gama de negócios, mesmo naqueles que possuem o elemento Coletividade em sua identidade, ancorado em Associações e Cooperativas.
A presidente da COOPNATURAL é a senhora Maysa Gadelha, ela conversou conosco sobre a trajetória da cooperativa e nos proporcionou um ganho de conhecimentos de grande relevância. Vejamos:
No ano 2000, as empresas de confecção localizadas na cidade de Campina Grande no estado da Paraíba, estavam enfrentando dificuldades financeiras para viabilizar a comercialização dos seus produtos em condições competitivas, em função da concorrência com outros centros regionais de produção de confecções, a exemplo de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama. Todas estas cidades estão localizadas no vizinho estado de Pernambuco e se não bastasse ainda enfrentavam a concorrência das importações dos produtos chineses.
Diante das dificuldades enfrentadas e da provável falência num futuro breve das empresas, eles resolveram se unir e buscar uma solução que pudesse viabilizar e dar continuidade às suas atividades económicas.
Os empresários perceberam que o processo de transformação dos seus negócios, teria que passar obrigatoriamente pelo desenvolvimento de produtos com características inovadoras, diferenciadas e impactantes na vida dos consumidores, que pudessem agregar valor final ao produto.
Ser orgânico e em dia com os modernos conceitos de sustentabilidade sócio ambiental foi o caminho escolhido.
A Embrapa concluiu pouco antes do ano de 2000 uma pesquisa científica através de seus pesquisadores e com apoio de pequenos agricultores, a respeito da variada gama de apresentações que o algodão colorido natural apresentava na natureza, mas até então não reunia condições de viabilidade económica em termos de produção em larga escala de cultivo.
A Embrapa conseguiu através de melhoramento genético, aprimorar características da semente, desta forma tornando viável a produção agrícola em escala industrial.
As variedades que a EMBRAPA conseguiu promover melhoramento genético, derivou em cinco variações de cores do algodão colorido: Creme, Marrom, Verde, Topázio e Rubi.
A EMBRAPA, ofereceu ao consórcio de empresários, agricultores e artesãos que deram origem à COOPNATURAL, uma pequena quantidade de pluma de algodão que foi fiado pela “COTEMINAS”, uma grande empresa brasileira do ramo de tecelagem.
Neste artigo em particular, farei questão de citar a grande variedade dos players que se somaram a este esforço coletivo em prol da viabilização deste projeto, demonstrando ao Empreendedor Digital que a sua capacidade de aglutinar e sensibilizar parceiros ao seu projeto poderá ser um elemento determinante ao seu sucesso ou fracasso.
A COOPNATURAL conseguiu desenvolver no mesmo ano uma coleção exclusiva, composta por peças do vestuário masculino, feminino e para recém-nascidos.
Os resíduos da produção foram aproveitados para produzir bonecas, brinquedos infantis, enfeites para casa e almofadas. As peças da coleção foram elaboradas por designers especialistas em moda.
Uma situação que era totalmente adversa, ao se submeter a mudanças estruturais e conceituais, se conseguiu reverter um quadro que estava afetando o ritmo de trabalho e de vida dos empresários, pequenos agricultores, artesãos e toda a cadeia produtiva de profissionais envolvida no segmento de confecção.
Os apoios institucionais de diversos agentes governamentais proporcionaram a profissionalização de todas as etapas do negócio, desde a gestão, produção e a comercialização. Inclusive no que diz respeito ao mercado externo que foi o que melhor acolheu os produtos em função dos apelos mercadológicos já citados anteriormente.
A FIEP-PB, Federação das Indústrias do Estado da Paraíba, através do SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial foi um parceiro de primeira hora nesta iniciativa, pela sua percepção de que o produto possui não apenas um imenso apelo mercadológico, mas um apelo socioeconómico de igual importância.
O primeiro grande evento em que a COOPNATURAL teve a oportunidade de mostrar os seus produtos foi na FENIT, feira que entretando deixou de se realizar.
A receptividade do mercado foi a melhor possível, fazendo com que a produção fosse exportada para vários países da Europa, América do Norte e da América do Sul.
No ano 2003 a cooperativa já dispunha de site com loja virtual para atender os clientes através de venda direta, assim como atender os clientes atacadistas que realizavam grandes compras “on line”.
O mundo digital neste momento fazia parte da realidade de vida da cooperativa através da sua presença nas redes sociais. A COOPNATURAL surgiu no momento em que o Empreendedorismo Digital começava a soprar seus ventos conceituais no mercado e em toda a cadeia produtiva, estimulando ações com perfil inovador.
Para se fortalecer no mercado, o viés inovador do Empreendimento precisava ser melhor explorado e atestado para que o consumidor pudesse ter a leitura exata do valor do produto e da sua importância sócio ambiental em função do mesmo estar impregnado de características com fortes apelos de sustentabilidade e da preservação de matrizes culturais do ecossistema.
Para isso a COOPNATURAL buscou dar início aos processos de certificação do algodão colorido, selo de produto orgânico e o reconhecimento de zona de indicação geográfica (IG).
Todas estas certificações foram auferidas à COOPNATURAL e como coroamento do esforço coletivo dos que fazem parte da cadeia produtiva do Algodão Colorido Natural, finalmente em 2008 a Paraíba obteve o reconhecimento de Zona de Indicação Geográfica do Algodão Colorido Natural.
“A Cadeia Produtiva do Algodão Colorido Natural” reúne as características natas do Empreendedorismo Digital: Inovação Tecnológica, Escalabilidade e possibilidade de ser repetível num cenário com grande potencial transformador na qualidade de vida das pessoas nas zonas urbanas e rurais.
O apoio e a sensibilidade governamental a respeito do potencial local são indispensáveis para que os arranjos produtivos possam se organizar, se estruturar e doravante ganharem vida própria e independência empresarial.
“A COOPNATURAL se orgulha de ter conseguido tornar o pequeno Estado da Paraíba em sinónimo de Algodão Colorido Natural, permitindo que mais de uma centena de associações de agricultores familiares, de artesãos e de costureiras possam encontrar nesta atividade empresarial fonte de renda e sustento para suas famílias“. (Maysa Gadelha)
O Algodão Colorido Natural é uma conquista de um povo, logo os benefícios por ele gerados superam os objetivos de ganhos económicos de ordem individual.
Conversamos também com o jovem e experiente Thiago Carvalho, CEO & Founder da WIFI-FI, criada em 2016. Ele é publicitário e se formou no ano de 2007, ainda muito jovem. A sede de empreender foi uma tónica em sua vida. O seu primeiro negócio foi uma imobiliária, em paralelo também abriu uma construtora para posteriormente se realizar profissionalmente na WIFI-FI.
A sua formação académica no campo da publicidade e propaganda, o seu apelo para empreendedorismo fez aguçar a sensibilidade de perceber a necessidade de suporte tecnológico nas demandas das vidas das pessoas.
O Empreendedorismo Digital surgiu como o caminho natural para uma mente tão brilhante colocar em prática o seu potencial criativo e inovador.
Na WIFI-FI ele se esforçou para aguçar o seu lado comercial para conseguir negociar com grandes clientes quer sejam empresas privadas que contratam o seu serviço para eventos, ou mesmo na esfera governamental para ambientes públicos.
A parte administrativa da Startup é conduzida pelo seu sócio Gilson Almeida, em uma divisão bem definida das atribuições dos papeis de ambos.
“Por via de regra os Startuppers possuem um foco muito técnico no desenvolvimento da solução do seu Empreendimento Digital e se esquecem que o viés comercial será determinante em um futuro breve em que o produto ou serviço esteja a disposição do mercado. Ter foco integral no negócio é um elemento essencial para desenvolver um formato de Empreendedorismo Digital vencedor”. (Thiago Carvalho)
A empresa WIFI-FI fornece serviço de acesso gratuito de internet (WIFI-FREE) em espaços públicos através de Totens que foram desenhados e projetados por designers que levaram em conta as dificuldades físicas e ambientais para oferecer um serviço de internet exposto às intempéries de um clima tropical de forma estável, adotando os mais exigentes protocolos de segurança em rede de dados para os seus usuários.
Os Totens são dotados de propaganda dos anunciantes que interagem com os usuários através do Ecrã do Totem e dos anúncios publicitários no Tele Móvel, oferecendo descontos e ofertas especiais, gerando a captação de um novo público consumidor para os negócios.
“O progresso da humanidade foi enorme. Do martelinho de pedra evoluímos para inúmeros mecanismos tecnológicos oferecidos pelo Tele Móvel. Nele é que a vida das pessoas, das empresas e das cidades acontece”. (Thiago Carvalho)
A WIFI-FI está imbuída do propósito de se preparar para oferecer às cidades uma conexão de internet com alta confiabilidade capaz de prover suporte para que a internet das coisas consiga gerar os ganhos desejados pela humanidade.
Um exemplo da gama de aplicabilidade do serviço oferecido pela WIFI-FI serão os carros autónomos, pois terão capacidade de comunicação com os demais e os serviços de gerenciamento de trânsito, repassando e recebendo informações que permitam a fluidez da circulação mesmo nos grandes centros urbanos, conferindo segurança aos passageiros e a todos os usuários das vias publicas.
O insight da WIFI-FI foi o de perceber a possibilidade de permitir uma interação entre os consumidores, cadastro de usuários e as empresas através da propaganda disponível no Ecrã dos Totens, assim como através do Tele Móvel. Após este insight inicial a Startup não parou de crescer, se modernizar e ampliar o leque de aplicações possíveis.
A WIFI-FI está localizada na cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba que possui uma população de pouco menos de 800 mil habitantes. Estamos expandindo a empresa também para outros estados e cidades próximas, como Campina Grande, Recife e Natal. Hoje são 25 totens em atividade oferecendo serviço gratuito de internet na cidade de João Pessoa, com uma projeção estimada até o final de 2020 ultrapassarmos o total de 500 Totens e se fazer presente em mais de 20 grandes cidades da região nordeste, atendendo um público potencial de mais de 20 milhões de usuários.
Todo o suporte técnico necessário para que a WIFI-FI possa desenvolver a sua atividade empresarial é fornecido por outras empresas contratadas. Desde o suporte tecnológico para segurança da rede de dados, até a montagem dos Totens. A equipa de trabalho é mínima em vista de promover redução dos custos e otimização dos resultados financeiros, seguindo tendências usadas por grandes empresas de tecnologia como a Apple, Samsung e a Nike.
O modelo de negócio da WIFI-FI pode ser operacionalizado perfeitamente nos grandes centros urbanos de qualquer continente, em função das características comuns encontradas no padrão dos consumidores e dos usuários dos diversos países, principalmente em países europeus, norte-americanos e asiáticos.
A WIFI-FI possui interesse em desenvolver parcerias estratégicas com empresas de outros países com base no estudo de viabilidade de internacionalização em função do domínio do Know-How a respeito da relevância e impacto na vida das pessoas, empresas e das cidades.
Hoje, os mercados externos que a WIFI-FI tem interesse em se expandir é a América latina, Portugal, os demais países de língua portuguesa e a Espanha. Para que isso se torne possível será determinante que consigamos prospectar parceiros estratégicos que possuam domínio e conhecimento na área de publicidade e das caraterísticas típicas dos consumidores, mercado e dos empresários locais.
Por fim Thiago Carvalho, deixa alguns conselhos para todos que buscam sucesso no Empreendedorismo Digital:
- Seja paciente e perseverante com o mercado e com você mesmo. No início nem o Startupper sabe com exatidão qual é o formato ideal para o seu negócio e quem o dirá será o consumidor final;
- Procure à luz dos fatos ter a clareza necessária se você tem o perfil de um Empreendedor Digital e se os seus sentimentos e emoções são equilibrados suficientemente para resistir às turbulências, dúvidas, incertezas e fracassos que naturalmente existem no mundo dos negócios, quer sejam oriundas por mudanças do padrão de comportamento do mercado ou mesmo por conta de exigências decorrentes das mudanças de legislação.
Viva ao Empreendedorismo Digital!!!
Normando Vitorino
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CEO & FOUNDER
IDH Business & Consulting