Os desafios do empreendedorismo digital
São muitos os desafios do empreendedorismo digital, mas é a disposição de os enfrentar que configura uma das características naturais do empreendedor. Enfrentar turbulências, riscos de mercado, incertezas de sucesso está no DNA de qualquer empreendedor.
No Empreendedorismo Digital, normalmente na maioria das vezes as pessoas empreendem em função da necessidade de ganhar dinheiro, quando não, mais dinheiro.
Os desafios que estão na base do Empreendedorismo Digital são bem mais excelsos e elevados que apenas o simples desejo de ganhar dinheiro, pois se por ventura o seu conceito de sucesso está arraigado apenas no desejo de ganhar dinheiro com o seu negócio, de fato este ainda não conseguiu alçar o patamar de poder ser visto e reconhecido como um Empreendimento Digital.
As Startups que conseguem se consagrar em um universo tão rico de concorrência, são aquelas que fizeram uma imersão conceitual em parâmetros éticos e morais. O foco predominante está na ideia de proporcionar ao consumidor uma experiência de consumo rica e diferenciada, nos aspectos cognitivos e sensoriais.
Zygmunt Bauman, pensador, sociólogo, filósofo e intelectual Polonês, nos apresentou com clareza ímpar o seu entendimento a respeito dos processos de transformações sociais e antropológicas que na nossa sociedade emergiu a partir da apresentação da definição conceitual da “Modernidade Líquida”.
A minha perspectiva enquanto escritor é a de contribuir na construção do perfil dos Startuppers para que os negócios sejam cada vez mais dotados de uma visão mais ampla e imbuída da compreensão da complexidade e das exigências inerentes ao processo de gestão das Startups em particular ao processo de sinergia com o consumidor alvo das experiência de consumo que ora são apresentadas.
Muito do que ele generosamente em sua imensa e rica produção intelectual desenvolveu, facilita a compreensão dos Empreendedores Digitais no que diz respeito aos anseios, expectativas e frustações das pessoas, empresas e da sociedade.
Os Startuppers, devem possuir a compreensão de que as Startups são vitrines que se abrem para o mundo, se posicionando diante do mercado com elementos conceituais que produzem efetivos diferenciais competitivos, como: Ética, Responsabilidade Social, Inclusão Social e Sustentabilidade.
A não existência destes elementos, levará a Startup às raias do fracasso, uma vez que o consumidor será impactado apenas da expectativa capitalista de gerar dividendos financeiros a um empreendimento empresarial. Isto por si só não basta para suprir os atuais altos níveis de exigência de consumo.
O Empreendedorismo Digital é um dos maiores frutos desta sociedade que se transforma em uma velocidade nunca vista em todos os tempos, onde a inexistência de referência, elemento tão importante para que consigamos atingir patamares de crescimento com equilíbrio se liquefazem, derivando na relativização dos valores, verdades e certezas à luz dos interesses e conveniências dos indivíduos em detrimento do pensamento coletivo.
Como se posicionar a luz deste processo viral, por ora errático e visceral?
A customização das realidades e possibilidades humanas na óptica de práticas individualistas e convenientes são recorrentes em diversas áreas do pensamento, a exemplo citamos as relações interpessoais de autoridade no seio da família e das escolas, nas religiões, política, na economia …
A ampliação e a disseminação do conhecimento nos tempos de hoje através dos meios digitais, atinge patamares inimagináveis, a tal ponto que na maioria das vezes não somos capazes de refletir, perceber e meditar sobre tudo que nos é oferecido, pois já estamos no momento seguinte diante de um fato novo.
A capilaridade das plataformas de conhecimento, induzem a existência de fenómenos sociológicos na geração atual, que perpassa os padrões de hierarquia e autoridade nas relações familiares, educacionais e comerciais, norteando uma conduta eivada de uma assertividade demasiada, derivando em uma postura focada no individualismo e no existencialismo, no “nivelamento do conhecimento intelectual” e na quebra de hierarquia entre as gerações, descambando desta forma em uma globalização onde a tônica é de um individualismo brutal e espúrio.
O cenário desenhado remete a uma leitura de certa forma negativa, mas que pode ser vista com o nível de assertividade que o Empreendedorismo Digital exige.
“Ser um Startupper, não é escolher pelo terreno menos inóspito, ou mesmo mais suscetível ao encontro com os louros do sucesso. Ser um Startupper é ser capaz de perceber soluções em meio aos problemas de outros e os transformar em soluções que impactam positivamente as vidas das pessoas e as suas por consequência.”
As transformações exigem mudanças de posturas e comportamentais, que muitas vezes implicam em ressignificações no âmbito das relações humanas, nos fazendo perceber por vezes, que para sobreviver precisamos extinguir ciclos de vida, mas não implica em darmos fim ao ciclo da vida.
Basta ver o exemplo das lagartas e das borboletas, não nada mais emblemático na natureza que essa metamorfose que a vida nos obriga a aceitarmos.
A capilaridade e a propagação das informações produzidas pela humanidade é um fenômeno natural decorrente do advento do surgimento da imprensa, criada por Johannes Guttenberg em 1440, sendo a Bíblia o primeiro livro impresso de forma mecânica em 1455.
Talvez depois da roda e da pedra polida, a imprensa possivelmente seja uma das mais bem sucedidas invenções da humanidade. Pois através desta invenção, a propagação do saber e do conhecimento passou a ser massificado e democratizado, permitindo o acesso de camadas da sociedade que historicamente viveram à margem do poder, sem perspectivas de acessão social.
O volume de conhecimento gerado e divulgado pela humanidade cresce mais rápido do que a capacidade e a disponibilidade de absorção do cidadão mediano. Para os Startuppers fica a dica, “lance mão de imagens que permitam uma leitura universal da informação desejada”.
Em tempos idos, há 30 anos atrás, a língua era a grande barreira que obstaculizava a comunicação, hoje até os tradutores nos telemoveis ajudam a superar esta limitação linguística, onde o inglês se impôs como a língua universal durante vários séculos, mas hoje seu reinado está perdendo força e impacto para os simples, objetivos e diretos “emojis”.
Em 1853, Giuseppe Verdi estreou a opera La Traviata no teatro La Fenice em Veneza para um público muito seleto, composto em sua maioria por membros da aristocracia, fato natural para época, uma vez que o acesso às atrações artísticas era um privilegio conferido às autoridades e seus familiares, excluindo assim a imensa maioria dos cidadãos desta cidade ao acesso à cultura.
Mas mesmo nos tempos de hoje em que o acesso é facultado através de números meios e plataformas digitais, a percepção é a de que o número relativo de especialistas em ópera é menor que então.
O desafio hoje que esbarra às portas dos Startuppers, não é mais desenvolver ferramentas que propiciem a propagação do conhecimento, mas sim ferramentas que permitam a fixação do conhecimento, passando diretamente pela fixação dos valores da marca da Startup, influenciando de forma inegável o fluxo de caixa do negócio.
Para ilustrar rotas alternativas e sagazes aos questionamentos e inquietudes apresentadas aos leitores fomos em busca de Startuppers que encontraram saídas e soluções exequíveis ao quadro atual.
A kastor no Brasil, NT4 Solutions e a Softimbra em Portugal são Startups que decolaram em termos de resultados e os CEO´s perceberam que estar ao lado do cliente, adaptando o negócio as condições que ora lhes são impostas é a melhor forma para manter e expandir a carteira de clientes.
Essas três Startups terão as suas histórias contadas nos próximos artigos.
Viva o Empreendedorismo Digital!
Normando Vitorino
CEO IDH Business & Consulting
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Skyoe: Normando Vitorino
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