Revolução Industrial 4.0 Supera Desafios
A Revolução Industrial 4.0 supera desafios e por isso está atraindo as atenções dos mais variados setores da sociedade.
Esse destaque está sendo alcançado em função dos impactos significativos que ela trará na vida das pessoas (consumidores), nas relações comerciais, modelos de produção e não obstante a todos estes impactos, temos a lenta figura do estado, das instituições de capacitação e qualificação profissional, no caso específico cito o papel das universidades públicas e privadas, que por via de regra possuem dificuldades em promover adaptações em suas grades curriculares e mesmo prover os estudantes de novos conteúdos e conhecimentos necessários, em função dos ventos decorrentes das novas profissões ora em evidência, frente as demandas típicas do empreendedorismo digital, fomentada através das plataformas digitais, que estão a impulsionar o surgimento a cada dia de novas Startups e a ensejar neste contexto a Revolução Industrial 4.0, com propostas disruptivas e minimalistas no tocante a relação de consumo.
Em um artigo anterior citei alguns países que estão em destaque, no sentido de promover as condições para colherem os melhores resultados da Revolução Industrial 4.0.
Podemos desde já apontar os Estados Unidos, Alemanha, Coreia do Sul, e China, como os países que estão na dianteira desta corrida pela hegemonia na produção industrial mundial.
Nestes países, encontramos alguns elementos em comum que determinam o porquê da disparada nesta corrida.
– A existência de uma cultura empreendedora e uma política continua e constante de qualificação e atualização dos trabalhadores, aliada a facilidade de acesso ao sistema educacional nas suas respectivas faixas etárias ao longo do processo de formação acadêmica e facilidade de acesso ao credito a baixos juros para modernização do parque industrial.
– Baixa burocratização na regulamentação das atividades empresariais,
– Uma eficiente infraestrutura em termos da rede de distribuição elétrica e dos meios de comunicação, destaque-se uma “Internet de qualidade”, otimização das tecnologias dos recursos naturais para obtenção de energia elétrica limpa e renovável.
– Um modal inteligente de transporte, que facilita a logística e permite o transporte dos produtos e serviços com fluidez e minimização dos custos.
Os países em desenvolvimento e em Particular o Brasil, carecem destas e muitas outras condições necessárias para impulsionarem a sua industrialização.
Para compreender à luz dos fatos qual é a realidade da indústria brasileira em termos da efetivação da Indústria 4.0, a Indústria Inteligente, sistemas de gestão com inteligência artificial, data centers e IoT, consultámos três especialistas em suas respectivas áreas de atuação a respeito dos avanços até então conquistados e dos desafios que precisam ser enfrentados para que a Indústria brasileira seja competitiva no mercado internacional, otimizando e atualizando a matriz industrial instalada, com mobilidade e agilidade que resultem em produtos e serviços customizados, em sintonia com a cadeia produtiva, o consumidor e em consonância com as políticas públicas desenvolvidas pelos agentes públicos e da iniciativa privada.
Conversamos com a Secretária Executiva da Ciência e Tecnologia do Estado da Paraíba, órgão da administração pública do poder executivo, à frente da pasta está a secretária Drª. Francilene Procópio Garcia, que também é presidente do Fórum Nacional das Secretarias de Ciência e Tecnologia e com a Fundação Parque Tecnológico da Paraíba PaqTcPB, instituição publica vinculada a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), o Dr. Nilton Silva é o Diretor Geral.
A leitura de ambos acerca da realidade brasileira no que diz respeito às Startups e à Revolução Industrial 4.0, nos permite de pronto termos a certeza a respeito da preocupação comum do segmento universitário e do setor público, sobre a importância que as plataformas digitais, empreendedorismo digital, as Startups e a indústria 4.0 possuem para a economia brasileira e mundial, assim como dos obstáculos existentes.
Este cenário de certa forma é potencializado por conta das nossas dimensões continentais, que por um lado significam um aumento das possibilidades de produção, em função da rica e variada gama de recursos minerais, hídricos e energéticos, por outro lado temos as dificuldades climáticas e um modal de transporte predominantemente rodoviário, que negligencia o imenso potencial fluvial e ferroviário.
A Fundação Parque Tecnológico da Paraíba, foi fundada há 34 anos na cidade de Campina Grande no estado da Paraíba, ela está localizada na região do nordeste brasileiro. A sua fundação se deu em decorrência da implantação de políticas públicas do governo federal na área de tecnologia, desta feita foram selecionadas 05 cidades em cada uma das 05 regiões do Brasil, onde se deu a criação de centros de excelência na área de tecnologia.
A cidade de Campina Grande foi a escolhida na região nordeste para recepcionar um destes centros de excelência em função da sua vocação para o empreendedorismo e ser um espaço privilegiado para o desenvolvimento do conhecimento de alto nível.
Na década de 80 quando da criação da fundação, nem sequer se vislumbrava a chegada do conceito da Indústria 4.0, mas já existia um importante aliado neste processo embrionário que fomentou as bases do ecossistema ligado ao empreendedorismo digital, que foram os cursos superiores de ciência da computação e designer industrial na UFCG.
Nestes cursos foram desenvolvidas as ferramentas de acesso a manufatura 3D, geração de protótipos a partir do design computacional. Foi o pontapé inicial do que hoje estamos vivenciando na ambiciosa e desafiadora inserção da cadeia produtiva local, nas conquistas decorrentes da Revolução Industrial 4.0.
Nesta época, a UFCG passou a dispor de um dos primeiros laboratórios com tecnologia CADCAM do Brasil, dentre diversos protótipos produzidos pelo laboratório, faz-se destaque ao taxímetro digital, que teve todo o trabalho de pesquisa desenvolvido pela pesquisadora Drª. Fátima Vieira.
“A Fundação PaqTcPB, se coloca de portas abertas aos empreendedores digitais de todo mundo, para atuar como instrumento facilitador de diálogo com os players locais, objetivando a formação de parcerias comerciais.” Nilton Silva
A fundação atende as demandas do ecossistema, que são apresentadas através das incubadoras e aceleradoras que atuam no desenvolvimento de soluções tecnológicas nas áreas de saúde, educação, recursos hídricos, energias renováveis, agro industrial.
O trabalho da fundação pode ser visto através de três pilares, com foco na manutenção de um diálogo facilitador entre o ambiente universitário, em vista da sua vocação para produção de conhecimento científico; o setor governamental em decorrência dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação, que ainda são predominantemente públicos, e das parcerias público-privadas em curso; as agências de fomento também se somam ao esforço de proporcionar as condições para que a industrialização seja uma realidade no formato de gestão da Indústria 4.0, auxiliando as iniciativas do setor privado, em particular representado pelas federações e confederações das indústrias, assim como organizações da sociedade civil.
A Secretária de Estado Drª. Francilene Procópio Garcia, entende que os processos de produção que ensejam e caracterizam a revolução industrial 4.0, para que possam ser implementados de uma forma mais consistente e célere, devem levar as indústrias em todas as esferas hierárquicas da gestão, a um processo de requalificação profissional, visando um planejamento da produção nas perspectivas preconizadas pela indústria 4.0, isto se faz necessário em função das mudanças dos paradigmas no que diz respeito a produção e a relação de consumo com os consumidores, a cadeia produtiva e com o ecossistema existente em torno da planta industrial.
A Secretaria de Estado da Educação, em parceria com a Secretaria Executiva da Ciência, Tecnologia e Inovação, juntamente com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem da Indústria), estão revertendo vários esforços no sentido de proporcionar a requalificação profissional dos trabalhadores das indústrias paraíbanas, para que eles possam ser relocados em outras funções e assim manter os postos de trabalho, mesmo que seja em outras posições.
O olhar no que diz respeito às dificuldades existentes no Brasil para viabilização da Indústria 4.0, também está voltado para os serviços ora ofertados pelas concessionárias dos serviços públicos essenciais, nas áreas hídrica, elétrica, telecomunicações, quer sejam ofertados pela esfera pública ou privada.
Cabe salientar que as condições de infraestrutura, escolarização e qualificação profissional nas 05 regiões do Brasil não é uniforme e também é sofrível. As regiões sul e sudeste historicamente foram alvo de políticas públicas mais eficientes e contínuas ao longo das décadas e tendem a conseguir melhores resultados que nas demais regiões, onde o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é inferior.
Impulsionar o processo de industrialização no interior do estado é importante em vista da necessidade de fortalecimento dos arranjos produtivos locais, das agroindústrias emergentes, associações e cooperativas de pequenos agricultores. Essa iniciativa potencializa a manutenção da população rural em sua terra natal, passa também pela otimização da rede de dados em alta velocidade e do modal de transporte em função das características e possibilidades regionais, em consonância com uma leitura equilibrada com as demandas dos negócios.
A Secretária Executiva de Ciência e Tecnologia, em sintonia com a Fundação Parque Tecnológica da Paraíba, percebem que a Revolução Industrial 4.0 é uma excelente oportunidade para conseguirmos agregar diferenciais competitivos, como: Sustentabilidade e Inclusão social no pacote de conquistas e avanços desejados pela sociedade brasileira.
“O sistema educacional e de qualificação profissional brasileiro, precisa passar por um processo de ressignificação da grade curricular, proporcionando com que as pessoas possam desenvolver uma cultura empreendedora, em sintonia com os novos ventos decorrentes das plataformas digitais que impulsionam o surgimento vertiginoso de Startups.” Francilene Procópio Garcia
Para termos uma percepção a respeito da realidade da Indústria 4.0 no Brasil e na Paraíba, na ótica de quem efetivamente produz, gera empregos, receita e recolhe impostos, conversamos com Dr. Francisco Benevides Gadelha, um gestor abnegado, competente e dedicado, que está à frente da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba, ele ocupa a função de presidente da instituição e também é membro efetivo do Conselho Nacional da Indústria no Brasil.
A Revolução Industrial 4.0 demonstra ser uma grande oportunidade de empregabilidade para às novas gerações, uma vez que estão conectados com o mundo digital e assimilam com maior facilidade e rapidez os recursos ofertados pelas plataformas digitais. Por outro lado temos trabalhadores que estão assustados com a manutenção dos seus postos de trabalho, são desafios que precisam ser enfrentados pela sociedade como um todo, na busca de soluções viáveis para os atores envolvidos na problemática.
O presidente da FIEP-PB acredita que esse quadro será equacionado e haverá com o passar do tempo uma condição de acomodação das demandas decorrentes dos trabalhadores e da classe patronal. Cabe salientar que cada vez que tivemos o surgimento de novos processos de industrialização e novas tecnologias em detrimento de outras em curso, existe um processo natural de redefinição das profissões e dos postos de trabalho.
No âmbito geral, a Revolução Industrial 4.0 será uma oportunidade singular de negócios e de estabelecimento de novos paradigmas conceituais em torna das relações de consumo, privilegiando as demandas do consumidor final, ao passo que ofertará produtos customizados e alinhados com uma política ambiental que prese pelo respeito às condições socioambientais. Os empresários que conseguirem compreender com agilidade a base conceitual da Indústria 4.0, se tornarão aptos a conquistarem patamares superiores em termos de lucratividade em seus negócios, se tornando mais competitivos no cenário local, nacional e internacional.
A Revolução Industrial 4.0, se distingue das demais revoluções industriais, em função da maior amplitude dos postos que estão sendo demandados e consequentemente do maior número de profissões que perderão sua serventia.
Para impulsionarmos a Indústria 4.0 no Brasil, não basta ter um foco na qualificação profissional dos funcionários das indústrias, mas também é fundamental agirmos no sentido de convencermos os gestores das empresas, que a Indústria 4.0 não é apenas um novo modelo de gestão da produção. Os conceitos da Indústria Inteligente perpassam todos os níveis hierárquicos da organização, inclusive impondo um redesenho do organograma da empresa, em função da supressão e criação de setores, gerências e diretorias.
O cenário do empreendedorismo digital alcançará um patamar superior, à medida que as Startups e as Indústrias 4.0, passem a trabalhar em sintonia, em função de que ambos os modelos de gestão, usam em comum na sua base conceitual as plataformas digitais.
O segmento agroindustrial a exemplo da fruticultura, pecuária, caprinocultura, ovinocultura e aves, irrigação, oleaginosas, controle climatológico e outras áreas, encontram na Indústria 4.0 e nas Startups, um modelo de gestão que potencializa a capacidade produtiva instalada amparada pela Internet das Coisas e da Inteligência artificial.
“A mobilidade e a flexibilidade típica das Stratups, encontram na Indústria 4.0 um campo fértil para potencializar o crescimento de ambas, estimulando desta forma um incremento nos índices de empregabilidade da população.” Francisco Benevides Gadelha
Precisamos estar em um diálogo permanente com o poder público, no que diz respeito à carga tributária que terá de sofrer adequações, conferindo a indústria brasileira ganho em termos de competitividade, em função do incremento da produtividade e da redução da carga tributária e da simplificação da máquina burocrática do estado, impactando em uma sensível redução de custos.
Viva o Empreendedorismo Digital!!!
Normando Vitorino
CEO & Founder
IDH Business & Consulting
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