Uso de Blockchain no Empreendedorismo Digital

CategoriasEmpreendedorismo / Transformação Digital

Vitor Lima

11 Setembro, 2018

O uso de blockchain no empreendedorismo digital, especialmente por ser uma tecnologia de distribuição de informações descentralizada, isto é, que não exige administrador e cujos registos não são atualizáveis, tem o potencial para ser um forte impulsionador de inovação e segurança nos negócios.

A sua importância é tão grande que existe quem defenda que a segunda era da internet será baseada em blockchain, alimentada pela combinação de criptografia, matemática, engenharia de software e economia comportamental, o que contrasta com a primeira, baseada na convergência de computação e comunicações.

Tal como no uso de IoT, também a tecnologia blockchain tem múltiplas aplicações, sendo que conhecer as já existentes poderá ajudar os startuppers a encontrar formas de a incluir em ideias de negócio que façam diferença positiva na indústria.

Com efeito, apesar de muito associada às moedas digitais, a blockchain pode ser usada para reinventar quase todos os tipos de transações, em indústrias tais como a financeira, distribuição, governo e saúde, entre outras.

Principais Obstáculos

Sendo uma tecnologia com potencial para revolucionar todas as indústrias, seriam de esperar fortes investimentos na sua adoção e evidentes sinais da sua presença, o que para além da moeda digital não tem acontecido.

Curiosamente os startuppers estão em vantagem na sua adoção porque podem usar o blockchain para criar modelos de negócio disruptivos, uma vez que não têm legado de processos e tecnologias para migrar.

Seguem algumas razões para as empresas não estarem a investir em blockchain:

Resistência à mudança: As empresas que têm processos e tecnologias instaladas podem não ter interesse na mudança;
Regulação: A ausência de regulação cria dificuldades que podem não compensar os benefícios. Assim que a arquitetura regulatória estiver definida, mais produtos e serviços irão utilizar a tecnologia;
Desconhecimento da tecnologia: Muitas empresas desconhecem a tecnologia e o que ela pode fazer pelos seus processos, produtos e serviços;
Falta de valências: Muitas empresas conhecem a tecnologia, mas não têm valências internas para a sua implementação. Por outro lado, a oferta externa a preços satisfatórios não abunda;
Consumidores não pressionam: Os consumidores não conhecem a tecnologia ou estão satisfeitos com a existente, o que faz com que as empresas não sintam essa pressão para o seu uso;
Ausência de prova da tecnologia: A tecnologia tem ainda que provar como reage à escalabilidade e demonstrar benefícios em usos distintos da moeda digital;
Ameaças à privacidade: As redes blockchain estão sujeitas a ciberataques, que podem pôr em causa a privacidade dos dados que não estejam encriptados;
Preocupações com auditoria: Para auditar redes blockchain deverão surgir novas profissões, como o auditor de contratos, o auditor da estabilidade e robustez da rede, o árbitro de disputas entre participantes na rede, entre outras.

Dicas sobre uso de Blockchain no Empreendedorismo Digital

Como já vimos anteriormente, a tecnologia blockchain tem potencial para impactar quase todas as indústrias, prometendo mais transparência, responsabilidade, eficiência e concorrência.

Indo mais longe, há até quem nela veja uma capacidade disruptiva tal, que até modelos de negócio tidos atualmente como virtuosos, como acontece por exemplo com a Uber e o Airbnb, podem vir a ser postos em causa.

Independentemente da posição que se tenha sobre o assunto, existem já algumas aplicações que merecem destaque, como acontece nos exemplos seguintes:

Transferências de dinheiro: Talvez o caso mais conhecido, sendo muitas vezes feita confusão entre blockchain e bitcoin, uma das suas primeiras e mais conhecidas aplicações;
Empréstimos P2P: Uma das áreas de maior crescimento, é o empréstimo entre particulares, sem intermediação de bancos;
Consumo de conteúdos: Algumas plataformas permitem aos consumidores pagarem apenas pelos conteúdos que consomem e recompensar diretamente os criadores;
Certificação de cadeias de abastecimento: A certificação descentralizada da cadeia de abastecimento pode fornecer aos consumidores a origem de cada componente de um produto, permitindo as escolhas éticas;
Prova de identidade: Criar um sistema confiável de identidade digital resolverá a maior parte dos problemas existentes no mundo conectado e a tecnologia blockchain é a eleita na maioria dos casos;
Prova de titularidade de ativos: Bens de valor poderão ser rastreados em qualquer ponto do mundo e a hipótese de recuperação em caso de roubo será maior, através de sistemas globais de prova de titularidade da propriedade.

Plataformas Blockchain

Existem já muitas plataformas blockchain em funcionamento em todo o mundo, normalmente especializadas numa função ou indústria.

Para lhe simplificar a consulta às muitas plataformas referidas ao longo deste artigo, publicamos no final uma lista de fontes, muitas delas dos próprios websites das plataformas.

A classificação por tipo de plataforma que apresentamos, próxima da orientação seguida por quem já se debruçou sobre este assunto, assume que as fronteiras entre algumas delas se sobrepõem, sendo por isso possível classificá-las noutros grupos.

Apesar dessas dificuldades, dar alguma organização poderá evitar perdas de tempo a quem procura plataformas relacionadas com a sua indústria ou área de interesse.

Eis aquelas que os diferentes especialistas mais destacam:

Serviços Financeiros

Os serviços financeiros serão certamente impactados pela tecnologia blockchain, existindo já inúmeras aplicações que prometem transformar a prestação destes serviços.

O blockchain vai permitir liquidações mais rápidas, a custos menores, enquanto, simultaneamente, reduz o risco de fraude.

Eis alguns exemplos:

Ripple: Apresenta-se como a única solução blockchain empresarial do mundo, para pagamentos globais, através da RippleNet. Entre os membros anunciados no seu website, incluem-se o RBC, o Santander, a American Express, a MoneyGram e o Crédit Agricole;
AIG: Em 2017, a American International Group Inc. e o Standard Chartered Bank plc, com apoio da IBM, anunciaram ter realizado com sucesso o que dizem ser a primeira apólice de seguro multinacional baseada em “contrato inteligente” usando blockchain;
Barclays: Em maio de 2017, o Barclays publicou um artigo, no seu blogue, sobre tecnologia e inovação digital em que declara que a tecnologia blockchain é parte fundamental do novo sistema operacional para o planeta, com potencial para transformar a forma com a informação é partilhada e verificada.

Imobiliárias

As imobiliárias são uma das indústrias onde a transformação pode ser maior, mercê dos contratos inteligentes, prova de titulares de ativos e prova de identidade que o blockchain promete.

Alguns exemplos já em funcionamento:

Propy: A Propy promete no seu website a possibilidade de compra e venda de propriedades exclusivas em todo o mundo, afirmando-se como líder global em transações imobiliárias garantidas através de blockchain.
Ubiquity: A Ubiquity afirma-se no seu website, como a primeira plataforma com segurança blockchain, disponível para empresas para conservação de registos imobiliários, prometendo pesquisas mais rápidas e eficientes;

Em fevereiro de 2017, o governo da Geórgia assinou um acordo com a BitFury para usar o bitcoin blockchain para verificar transações imobiliárias, tornando-se o primeiro país a fazê-lo.

Direitos de Autor

Direitos de autor protegidos em todo o mundo, é o que promete o uso da tecnologia blockchain.

Eis algumas plataformas:

Mediachain: A Mediachain não se limita ao registo da propriedade intelectual sobre as criações, mas também à monitorização do conteúdo através da internet, tendo em vista identificar casos de uso sem autorização prévia;
Binded: Ideal para fotógrafos, a Binded promete tornar simples a atribuição de direitos de autor. A Binded para cada imagem com direitos de autor cria uma impressão digital exclusiva, dá um certificado ao autor e permite pesquisar imagens similares;
Po.et: A plataforma classifica-se como protocolo descentralizado para registo de propriedade de conteúdo, descoberta e monetização nos media. A Po.et é uma rede de publicação open source, sem fins lucrativos, com a ambição de mudar a maneira como se distribui, licencia e monetiza conteúdo na internet.

Governo

As instituições governamentais poderão repensar a prestação de serviços aos cidadãos, com o uso da tecnologia blockchain.

Eis alguns exemplos:

E-Resident: E-Residency assume-se como nova nação digital para cidadãos globais, impulsionada pela República da Estónia. Qualquer cidadão do mundo pode candidatar-se a ser residente eletrónico da Estónia, recebendo um cartão de identificação digital com chave criptográfica para assinar documentos digitais com segurança. Um e-residente também pode abrir contas bancárias e criar empresas na Estónia;
Follow My Vote: Conforme afirma no seu website, a Follow My Vote, ambiciona construir uma plataforma de votação on-line segura que permita maior transparência nas eleições. Permite auditar as urnas e assistir às eleições em tempo real (se legalmente aceitável), oferecendo uma transparência eleitoral inigualável;
Samsung SOS: Segundo a Samsung, a 4ª revolução industrial começa com a inovação na integridade digital, que a tecnologia blockchain promete. Segundo a Samsung, a tecnologia blockchain não está limitada às tarefas financeiras, podendo ser usada para autenticação, transações B2B, conectividade avançada de Inteligência Artificial e IoT, entre outras;
Democracy Earth: A Democracy Earth está a construir o Sovereign, um protocolo de governança democrática open source, baseado em blockchain, para uso de qualquer tipo de organização. No seu website afirmam, com algum exagero, que o surgimento do software livre e das redes peer-to-peer, tornou a intermediação política desnecessária.

Gestão de Dados

A gestão de dados será muito diferente com o uso da tecnologia blockchain, como se pode verificar nos exemplos seguintes.

Essentia.one: A Essentia é a primeira solução baseada em blockchain do governo finlandês e que terá como objetivo a redução do desemprego numa dada indústria. Foi lançada pela Central Union of Agricultural Producers and Forest Owners (MTK), com apoio da ToitaSuomesta.fi, em março de 2018;
Factom: A Factom no seu website assume-se como criadora de produtos que transformam a maneira como as organizações protegem e partilham os dados, assegurando que os seus produtos reduzem a fraude e a corrupção ou falsificação de dados, garantindo a privacidade.

Desenvolvimento

Para suporte ao desenvolvimento de aplicações blockchain pelas empresas existem algumas plataformas, sendo as mais faladas as seguintes:

Azure: A plataforma Azure, da Microsoft, permite desenvolver, testar e implementar apps blockchain. Na sua página dedicada à Blockchain tem vários exemplos de aplicações existentes;
Hyperledger: O Hyperledger é um esforço colaborativo open source criado para promover as tecnologias blockchain de vários setores. É uma colaboração global, hospedada pela The Linux Foundation, que inclui líderes em finanças, serviços bancários, Internet das Coisas, cadeias de suprimentos, manufatura e tecnologia.

Indústria

Também a indústria pode adotar soluções blockchain, para inovar e aumentar a transparência, como se pode verificar nos exemplos seguintes:

Everledger: A Everledger é uma startup global que utiliza blockchain e contratos inteligentes, entre outras tecnologias, para auxiliar na redução de riscos e fraudes para bancos, seguradoras e mercados abertos. No seu website assume que cria soluções inovadoras em mercados onde a proveniência é importante e onde a transparência é a chave para garantir o comércio ético;
De Beers Group: Em janeiro de 2018 a De Beers anunciou que estava a desenvolver a primeira solução blockchain para abranger toda a cadeia de valor dos diamantes, fornecendo um registo digital único, inviolável e permanente de cada diamante registado na plataforma. Um dos principais objetivos é autenticar as transações de diamantes;
Provenance: No seu website, a Provenance afirma que a tecnologia blockchain é a solução para a transparência nas cadeias de suprimentos de produtos e a “transparência é o novo poder”, segundo Benjamin Herzberg. Para isso, todo o produto físico registado terá um “passaporte” digital que comprova autenticidade (este produto é o que ele diz ser?) e origem (de onde vem esse produto?), criando um registo auditável da jornada de todos os produtos físicos;
SKUchain: No seu website, a SKUchain, afirma que a sua solução atende às necessidades reais dos compradores e das suas cadeias de suprimento e fornece controlo refinado na aquisição de stocks em todos os parceiros. Promete também controlo sem precedentes de toda a cadeia de fornecimento, aos decisores, garantindo também a privacidade de todas as informações confidenciais;
LO3 Energy: A LO3 Energy desenvolve inovações baseadas em tecnologia blockchain para revolucionar a forma como a energia pode ser gerada, armazenada, vendida e usada, a nível local. Na Austrália, em Latrobe Valley, os agricultores compram energia renovável gerada localmente, um projeto liderado pela LO3 Energy e apoiado pela Siemens, AusNet Services, Dairy Austrália e Sustainable Melbourne Fund.

Saúde

A saúde é também uma área muito promissora no uso de blockchain, permitindo criar soluções que irão revolucionar a forma como nos relacionamos com prestadores, mas também, devido ao fator confiança que irá permitir o combate aos medicamentos falsificados.

A promessa dos indivíduos controlarem os seus dados pessoais, poderá levar a que farmacêuticas, investigadores e outras organizações, tenham que pagar aos titulares dos dados que autorizem a sua utilização.

Eis alguns exemplos:

Medrec: Os registos médicos electrónicos no blockchain ultrapassam o problema das informações clínicas estarem armazenadas em diferentes bases de dados incompatíveis entre si. O Medrec permite que os pacientes concedam aos médicos e outros profissionais de saúde, acesso às suas informações pessoais;
Gem: A GEM é uma fornecedora de soluções blockchain que lançou a Gem Health, uma rede para desenvolvimento de aplicativos para cuidados de saúde e infraestrutura partilhada, que diz não comprometer segurança e privacidade.

Retalho

Também as possibilidades de utilização da tecnologia blockchain no retalho são ilimitadas.

Eis alguns exemplos:

Loyyal: A Loyyal diz estar a reinventar a forma como os incentivos aos clientes são criados, recompensados e geridos. Usa blockchain e contratos inteligentes para reduzir drasticamente os custos de instalação e operação de um programa de fidelidade;
Open Bazaar: A Open Bazaar assume-se como mercado online gratuito, sem taxas de plataforma, nem restrições, a não ser o pagamento em moeda digital. Suporta, à data de publicação, Bitcoin, Ethereum, Litecoin, Zcash e Dash.

Cibersegurança

Com defensores e também detractores, o blockchain faz o seu caminho na indústria da cibersegurança:

Guardtime: A Guardtime afirma que se a Google organiza as informações do mundo e as torna universalmente disponíveis, a Guardtime validará essas informações e irá torna-las universalmente confiáveis. Na equipa dizem ter mais de 150 criptógrafos, desenvolvedores e arquitetos de segurança, com décadas de experiência na defesa de redes governamentais americanas;
Peernova: A plataforma Cuneiform, da Peernova, promete auditoria à escala para a indústria financeira, combinando tecnologia big data, blockchain e cloud;
Blockverify: A Blockverify é uma solução anti-falsificação baseada em blockchain, que tem por objetivo introduzir transparência na cadeia de suprimentos, especialmente na indústria farmacêutica, nos artigos de luxo, diamantes e equipamentos electrónicos.

Journalismo

Permitir lutar contra a censura e construir um marketplace de jornalismo, são algumas das promessas da tecnologia blockchain para estes profissionais:

Civil: A Civil assume-se como uma comunidade de jornalistas e técnicos que se encontram a construir um espaço para o jornalismo confiável e sustentável. Trata-se de um marketplace de jornalismo em moeda digital. A plataforma promete permitir aos jornalistas de todo o mundo, lutar contra a censura.

Redes Sociais

Para melhorar o conteúdo na internet, combater a censura, ou proteger os direitos dos criadores de conteúdo, são muitas as razões para uso de blockchain nas redes sociais:

Yours: A Yours é uma rede social onde se pode ganhar o Bitcoin Cash se se criar valor. No seu website afirmam que a sua missão é melhorar a qualidade do conteúdo na internet e fazer com que as pessoas sejam pagas pelo trabalho que fazem;
Akasha: Rede Social AKASHA tem como objetivo combater a censura na Internet, com a tecnologia Blockchain. Os posts são apresentados sob a forma de uma entrada a todos os seguidores de quem publica. Os problemas causados por conteúdos inadequados são resolvidos por um sistema de votação;
Kodakone: A Kodakone, no seu website, afirma criar tecnologia inovadora de blockchain que protege, distribui e licencia os trabalhos que são uploaded, permitindo que os criativos se concentrem na criação de ótimas imagens. Usa ainda rastreadores web para detectar imagens usadas indevidamente;
Ujomusic: A plataforma Ujo usa a tecnologia blockchain para criar uma base de dados transparente e descentralizada de proprietários de direitos, automatizando pagamentos de royalties usando para o efeito contratos inteligentes e criptomoeda.

Serviços Diversos

Existem plataformas que ajudam a criar aplicações, motores de busca que preservam a privacidade e bloqueiam publicidade e sistemas de identificação online:

Decent: A plafatorna Decent fornece um ecossistema blockchain para ajudar a criar aplicações descentralizadas para usos reais, idealmente nas áreas dos media digitais e entretenimento. Permite que os autores façam upload dos seus conteúdos e selecionem o preço que os utilizadores pagarão se quiserem fazer o seu download;
Brave: Brave define-se como sendo mais do que um browser, assumindo-se como uma nova forma de pensar como a web funciona. Promete ser um browser mais rápido do que o Chrome, para além de bloquear anúncios e rastreadores e proporcionar segurança e privacidade;
uPort: uPort pretende ser um sistema de identidade para a web descentralizada, que retoma a propriedade dos dados pessoais para o titular dos dados, tal como o novo RGPD. Segundo a uPort, os utilizadores registados podem enviar ou solicitar credenciais, assinam transações e fazem a gestão de chaves e dados em segurança. Em 2016 ganhou o prémio da melhor aplicação blockchain da International Blockchain Week.

Conclusão

O uso de blockchain no empreendedorismo digital poderá contribuir para níveis de inovação e segurança nos negócios que tornarão obsoletos muitos dos processos tal como os conhecemos hoje em dia.

Mesmo plataformas digitais que desafiaram nos últimos anos algumas indústrias, como acontece com a Uber e a AirBnB, podem vir a ser postas em causa por modelos de negócio, ou processos, baseados em tecnologia blockchain.

O potencial de impacto poderá ser de tal forma grande que é aconselhável algum estudo prévio sobre os seus efeitos, devendo esse trabalho ser desenvolvido pelos governos, universidades, associações empresariais, partidos políticos e sociedade civil, de forma a que possa ser assimilado com o mínimo de crises.

Apesar dos cuidados com que se deve enfrentar o uso de blockchain, esta mudança é apenas uma das muitas que temos absorvido com sucesso nos últimos anos e cujos desenvolvimentos, cada vez mais rápidos, moldarão o futuro.